Projetos do futuro: uma conversa sobre inovação com Mauro Bastazin

Escrito 20/05/2021

O que move o mundo é a inovação. Pode soar como um clichê e de fato é, se não pararmos para refletir sobre o peso dessa afirmação. Da forma como você faz compras às suas opções de lazer e modelos de transporte, saúde e educação, a vida em sociedade está em transformação acelerada. Por muito tempo, o segmento de construção e habitação postergou essa conversa, mas agora ela é inadiável, como defende Mauro Bastazin, diretor executivo da HM Engenharia.

Formado em Engenharia Química pela USP, com pós-graduação em Administração de Empresas e ênfase em Estratégia e Organização pela FGV, Mauro há dois anos lidera a HM ao lado de Sylvia Bianco. Entre suas prioridades, está o desafio de incorporar as discussões sobre inovação ao modelo de negócios e, mais do que isso, implementá-las de maneira prática sempre que detectar as oportunidades mais viáveis. Em entrevista para o Blog Mais HM, ele fala sobre como a companhia tem tratado essa questão e sobre os desafios de pensar em como será a casa do futuro. Confira.

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Mauro, de um ponto de vista mais prático, qual tem sido a grande mudança aplicada no setor de construção civil nos últimos tempos?

Mauro Bastazin: No vetor tecnológico de produção, acredito que o método da Parede de Concreto Moldada in Loco já se mostrou um diferencial competitivo muito grande. A técnica tradicional de construção por alvenaria ainda é bastante artesanal. Com essa nova tecnologia, é possível otimizar custos e tempo de obra e reduzir em até 30% o volume de entulho gerado, o que traz ganhos de eficiência e sustentabilidade.

Como funciona essa técnica e onde ela já foi utilizada?

M.B.: Na HM, sistema é aplicado em construções de edifícios habitacionais que possuam até cinco pavimentos. Para sua implementação, utilizam-se paredes estruturais maciças de concreto que são moldadas diretamente no local das obras, com estrutura dimensionada para cada projeto específico de arquitetura do edifício. O primeiro empreendimento construído a partir da Parede de Concreto foi o Costa Verano, no Guarujá, em 2017, e o próximo será o HM Bem Morar, na região de Ouro Verde, em Campinas. Nosso objetivo é incorporar o sistema em 80% de nossas obras no médio prazo.

Além da Parede de Concreto Moldada in Loco, existem outros métodos construtivos que se encaixam nessa concepção mais moderna e industrializada?

M.B.: Sim. Outras alternativas que devem ocupar espaço nos próximos anos são a Wood Frame e a Steel Frame, que utilizam sistemas construtivos com perfis de madeira e aço, respectivamente. Aqui no Brasil, essas tecnologias ainda não são usadas em larga escala, mas sem dúvida elas representam a perspectiva do futuro.

Agora, indo além das obras. Quando pensamos no mercado de construção, o que mais podemos prever de inovação?

M.B.: O céu é o limite! Construção e agronegócio são os últimos setores a viver uma experiência de digitalização. E é por isso que as oportunidades estão em absolutamente todas as áreas. Tenho participado de vários eventos nacionais e internacionais, em que se discutiu muito o caso das construtechs, que são as startups de tecnologia no setor da construção. A HM tem buscado conhecer essas novas ofertas e, mais que isso, tem investido em soluções. No entanto, é preciso entender que não há projetos prontos que você simplesmente pega em uma prateleira, compra e implanta… Não é bem assim. Muitas vezes, são ideias, testes pilotos, produtos em fase de desenvolvimento que você precisa conhecer, entender, escolher e apostar no resultado na hora de implementar.

Os novos modelos trarão impactos também para a interação com os clientes?

M.B.: Esse é um ponto que eu considero prioritário. A interação com o cliente no que se refere a vendas, assistência técnica e atendimento e também a intermediação para prospecções e compras de terreno são atividades que serão realizadas por meio de inteligência artificial no futuro.

Qual outra tecnologia ou tendência mais disruptiva a HM tem incorporado em seus projetos?

M.B.: Um outro ponto importantíssimo de desenvolvimento tecnológico é a utilização de processamento de imagens. Com o uso de câmeras, principalmente de drones, é possível ir além de um acompanhamento visual das obras e estender o uso da captação de imagens para tarefas mais complexas e detalhadas, como prospecção, medição de terrenos e até mesmo previsões do que pode acontecer com o cronograma das obras. Recentemente, fomos para a Califórnia e trouxemos algumas ferramentas e projetos com uso de drones que já estão em processo de implantação na HM. Fora isso, há também outras plataformas que ainda estamos estudando e que envolvem o uso de softwares e algoritmos para planejamento de projetos.

Você citou a viagem para a Califórnia. Há outro plano de viagem com o mesmo objetivo?

M.B.: Há, sim! E está bem próximo: já em abril eu, a Sylvia e alguns superintendentes da HM vamos embarcar em uma viagem para a China com o objetivo de buscar novas tecnologias que possam ser implementadas em nossos projetos. Estamos em busca de fornecedores globais que consigam oferecer produtos adequados para nossas especificações técnicas e que, ao mesmo tempo, trabalhem com custos mais competitivos.

 As mudanças comportamentais e as disrupções tecnológicas, em sua visão, vão trazer muitas mudanças para o modelo de negócio das construtoras?

M.B.: Com certeza, sim. Não dá para fugir disso. Não acredito que seja algo que vá mudar de uma hora para outra. Mas é um ciclo, uma transição que vai acontecer naturalmente. De nossa parte, como empreendedores e gestores, nossa missão é acompanhar. E, mais do que isso, gerar informação para entender o que esse novo cliente quer e precisa. Porque isso é o que vai gerar demanda no futuro, entende? O cliente vai buscar um lugar para morar que atenda às necessidades dele. Mas, conforme a sociedade evolui, as prioridades também mudam e ficam cada vez mais específicas. Quem for capaz de entender esses cenários e ter informações mais bem processadas conseguirá entregar soluções mais adequadas aos seus clientes.

 O que você diria que coloca a HM como uma empresa do futuro, apta a atender essas novas demandas?

M.B: Acho que o nosso propósito de ser, cada vez mais, uma empresa de diversidade, de colaboração e que está preocupada em trazer pessoas diferentes para criar e ocupar novos espaços. É isso que vai fazer a diferença e não uma tecnologia material que eu vá comprar e implementar. Nosso diferencial é a capacidade de adaptação e de buscar soluções de maneira rápida e efetiva. Posso afirmar que é essa a característica da HM que vai habilitá-la a permanecer nesse futuro como uma protagonista.

 

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